domingo, 5 de junho de 2011

PAF

   Olá filósofos de plantão! Estava no msn, e vi o nick de uma amiga minha... "Mas o que é essa saudade que você tanto fala?" Então me inspirei e comecei a escrever pra ela. Deu nisso:

Saudade é uma coisa que a gente não sabe explicar...
É um conceito que poucos idiomas sabem definir
Mas é uma sensação tão nobre que a própria alma não sabe amar
Que invariavelmente estamos condicionados a sentir;
É como uma falta, um pensamento, que se foi para voltar?
   E que vive batendo na mesma tecla, mesmo que esta esteja quebrada
   Porque insiste em lembrar, quanto mais nos esquecemos, do que nos faz felizes.
   
      O texto é escrito para o leitor. O que vocês interpretam?

domingo, 22 de maio de 2011

LHM

"Quem não escreve livros, pensa muito e vive em companhia inadequada, será normalmente um bom escritor de cartas"
                          Friederich Nietzsche - Humano, demasiado humano

                                            A escritora de cartas

      O papel não está mais na minha frente, nem a caneta em minhas mãos. Vejo apenas uma tela em branco, pronta para ser preenchida com meus pensamentos mais íntimos, expressados em palavras sem sentido que lutam para ficarem em minha cabeça, me torturando, fazendo de mim uma mera escritora de cartas.
     Não quero meramente escrever cartas sem sentido, sem destino, sem valor a mais ninguém além de mim mesma. Não quero usar minhas palavras em vão, ainda mais vivendo em um mundo cheio de imperfeições, onde faltam ideias de liberdade e sobram conspirações contra a pouca que nos resta.
    Olho para a carta quase pronta, e ainda sem destinatário. A vontade de relatar minhas idéias em um livro cresce e paraliza meus dedos, me impedindo de digitar os pensamentos que me enlouquecem. Por que não consigo falar abertamente o que penso? Por que estou atada a palavras cruéis, que me torturam e me impedem de mudar? Em que consiste escrever uma carta, sem um destino? Mero destino, que tantas vezes me decepciona, por que faz isso comigo?
   Batalho contra o inevitável todos os dias, tentando apagar as palavras escritas em meu destino, lutando em vão, não aceitando o fardo de que sou, e provavelmente sempre serei, uma mera escritora de cartas.

Desenho


Não reparem na perna grotescamente mal desenhada. Esse desenho saiu da minha cabeça voltando de Campos do Jordão, na estrada, à noite.

domingo, 8 de maio de 2011

RCG

Não está um texto completamente coeso, acho também que há muito pra melhorar, mas espero que ajude todos a REFLETIR .

Reflexão

Após voltar de uma festa noturna, à qual Vik ambicionava ir há muito tempo, não alcançou outro juízo além da reflexão que eclodia naquela noite fria, sonorizada por uma chuva frígida lá fora. Deitada em sua cama ao lado da janela, que transmitia uma imagem escura, tão escura quanto o seu desespero atual, refletia sobre suas ações do próprio dia e sobre sua própria existência, como se o vazio estivesse diretamente ligado à razão, como se fosse muito fácil ultrapassar a barreira da diversão para a tristeza. Lavou-se e foi dormir. 
Acordou no dia seguinte, lavou-se e pôs-se a pensar novamente. A manhã era cálida e ensolarada, o movimento através da mesma janela do desespero era outro. Havia pessoas que passeavam, enquanto o som dos pássaros energizava o bairro. O desespero havia se dissipado e o mesmo vazio continuava, a reflexão brotava como uma sinapse. Não se tratava apenas de um problema momentâneo, não era a situação atual. Tratava-se simplesmente de reflexão. E isso fazia bem. Não havia explicação, Vik simplesmente precisava refletir e saber onde estava pisando. A intensa curiosidade que tinha sobre seu mundo, sobre o mundo dos outros, simplesmente alucinava. Não se trata de saber quem é Vik, não se trata de saber se os outros se importavam, muito menos qual a razão de Vik, você ou todos estarem aqui. 
Reflexão é algo mais intenso que isso, refletir é muito mais que uma visão parcial. Refletir é procurar a essência do saber e aprender, procurar entender o próximo tanto quanto a si mesmo, absorver uma ação passada ou presente... Definir reflexão é tão difícil que Vik decidiu simplesmente refletir. 
Alguns dias depois da noite ao lado da janela, Vik decidiu escrever um diário, e após algumas semanas decidiu criar um blog. Com o blog criado, começou a postar suas reflexões para que os outros pudessem interpretá-las e talvez até aprender algo com elas. Vik percebeu que a reflexão somada à escrita ou a outra forma física de expressão resulta numa fonte de conhecimentos enorme, da mesma forma que grandes escritores e artistas o fizeram. Vik decidiu então escrever seu próprio livro com diversas reflexões e cativou um grande público com sua criatividade e talento na escrita. Após algum tempo publicando livros, Vik voltou de um evento, sentou-se ao lado da janela, que transmitia uma imagem escura, tão escura quanto o seu desespero atual, e refletiu sobre suas ações do próprio dia e na sua própria existência, como se o vazio estivesse diretamente ligado à razão, como se fosse muito fácil ultrapassar a barreira da diversão para a tristeza. Lavou-se e foi dormir. 
Acordou no dia seguinte, lavou-se e pôs-se a pensar novamente. A manhã era cálida e ensolarada, o movimento através da mesma janela do desespero era outro. Havia pessoas que passeavam, enquanto o som dos pássaros energizava o bairro. O desespero havia se dissipado e o mesmo vazio continuava, a reflexão brotava como uma sinapse. Não se tratava apenas de um problema momentâneo, não era a situação atual. Tratava-se, simplesmente, de reflexão...
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 Espero que vocês gostem. Até mais!!

sábado, 7 de maio de 2011

Alma

"Mas o que acontece com a consciência? Esta aí uma coisa que não pode ser composta de átomos, quer dizer, de 'coisas' materiais, certo? Errado. Demócrito acreditava que a alma era composta por alguns átomos particularmente arredondados e lisos, os 'átomos da alma'. Quando uma pessoa morre, os átomos de sua alma espalham-se para todas as direções e podem se agregar a outra, no momento mesmo em que esta é formada."
- Demócrito nas palavras de Jostein Gaarder, "O Mundo De Sofia" (pág. 59)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ASF (crônicas)

Essa crônica tem uma história muito mágica dos bastidores :)  Eu a escrevi quando frequentava o Templo Zu Lai! Uma vez depois da meditação eu encontrei com a minha mãe na lanchonete e ela estava olhando fixo para um garoto que tinha um jeito típico de quem sofre de algum tipo de distúrbio psicológico. Bem, eu quis dar uma daquelas de detetive do CSI e comecei a observar o comportamento do garoto. Falei que ele devia ser autista, filho daquele homem que sempre andava sozinho pelo templo e que o pai dele deveria ser separado da esposa (juro, baixou a vidente em mim naquele momento)! No mesmo dia escrevi esse texto e ficou por isso mesmo! Depois de alguns meses minha mãe virou amiga do pai do menino e descobriu que ele era mesmo autista e que os pais haviam se separado haviam alguns meses! Juro, foi um momento mágico na minha vida. E aí está o texto que escrevi naquele dia. Espero que gostem! :)


Autismo

 Maurício era um menino introvertido e galante. Não no sentido de elegante e lustroso, mais para o sentido cavalar. Tinha a mania de andar em saltos e de bater a sola dos pés de uma forma desagradável e presunçosa; seu nariz era muito grande e parecia ter dificuldades para apaziguar os traços grosseiros do queixo; os olhos, entre o torto e o mal distribuído, eram fundos e ganhavam maior dimensão graças ao grau estrondoso dos óculos. Era um rapaz inteligente, mas ninguém o sabia. Tinha sido diagnosticado com autismo desde os três anos e depois disso não saíra dos remédios psiquiátricos. Chegava a tomar quatro por dia para prolongar o efeito de alienação que sua mãe chamava de cura.
 O menino podia até ser carismático, se não fosse criado como um doente. Maurício nunca cursara uma escola, vivia de aulas particulares ministradas por sua mãe; dificilmente saía do jardim de casa e quando o fazia tinha que ser acompanhado por Sandra; nunca aprendera a andar de bicicleta ou mesmo a jogar bola; sua mãe não deixava uma televisão em seu quarto, pois tinha medo que ele não soubesse interagir com os controles ou até mesmo os deglutisse; tinha uma piscina na qual não entrava por receio de morrer, embora nunca tivesse dado muita atenção para a morte, afinal até ali ele jamais a sentira. Mas retraído em toda essa camada de proteção residia um Maurício tímido, impotente e cheio de desejos contrários à sua doença.
 Com cinco anos aprendeu a ler e passou a procurar informações sobre o seu mau naqueles livros vermelhos da sala de seu pai. Tinha a mania de colecionar pedras e logo passou a reconhecer suas origens, estudar sua geologia e escondê-las no armário. Era um rapaz muito culto e em menos de dois anos já havia consumido todos os livros de sua casa, dos romances às receitas, dos técnicos às enciclopédias. Das aulas de sua mãe tirava pouco proveito e muitas vezes ria prepotente da ignorância da matriarca. Conhecia todos os planetas, mas não sabia bem onde ficavam, a verdade é que o rapaz tinha medo das estrelas, tinha medo, pois via nelas a luminescência do olhar humano que pulsa oscilante entre o extraordinário e o ausente. E do olhar humano ele pouco sabia. Sentia-se envergonhado e acima de tudo humilhado por não olhar as pessoas nos olhos. De tudo o que lera nos livros não aprendera nada sobre os sentimentos dos homens, para estes não havia fórmulas, eram todos aleatórios e circunstanciais e o jovem Maurício tinha grandes dificuldades para compreender circunstâncias. Podia ficar horas deliciando-se com um artigo científico, enquanto sua mente apresentava grande resistência para as novelas. O rapaz não se conformava como o precursor das ciências, das exatas, podia entregar-se tão facilmente ao biológico, ao humano. Como um homem podia em toda a sua sabedoria criar nomes extravagantes e vagos para aquelas sensações que ele, Maurício, jamais sentira.
 Mas nos últimos anos o jovem percebera um tipo de oscilação em seu comportamento, talvez porque ele envelhecera, tinha agora vinte, e sua mãe finalmente o deixasse sair sozinho; ou até mesmo pelo excesso de romances que se viu obrigado a ler nos últimos anos. O moço sentia, não, não é bem esse o verbo, desconfiava que algo havia mudado. Vez ou outra lhe invadia uma forte vontade, como um calafrio que se prende ao dorso antes de se dissipar na nuca, de falar com Sandra, de explicar-lhe todas as matemáticas, de mostrar-lhe tudo que entendia; queria chamar-lhe para si, mas toda vez que levantava a boca a fim de lhe dirigir a palavra, suas mãos tremiam, suas costas trincavam e os olhos embaçavam encabulados, apenas com a conjectura de lhe encarar a face. Não sabia se a moça era bonita, pois não aprendera a fazer essa distinção. Sabia que Sandra era morena, de quadris finos e mãos triangulares. Sabia também que algo crepitava em seu quadril, toda vez que ela dirigia-lhe a palavra e ele queria poder dar um nome científico para isso.
 Algumas outras vezes tentou se aproximar da moça, mas seu esôfago parecia se fechar com uma força grotesca e sobrenatural, como um enorme ímã atraindo um minúsculo metal, e mesmo seus mais dignos esforços não eram capazes de quebrar esse magnetismo que paralisava-lhe todo o corpo quando tentava agir como gente. Talvez só agora ele compreendesse que era mesmo um doente.
 Sozinho no quarto Maurício sentiu algo morno e úmido vazar-lhe dos olhos, estes a que tanto temera. Tentou encarar seu reflexo na janela, mas tinha medo do que veria. Sandra abriu vagarosamente a porta, como se não quisesse interromper o espetáculo. Ficou alguns minutos fitando a imagem transmutada de Maurício no vidro e em um único gesto desgovernado agarrou-lhe as extremidades do queixo, levantou aqueles olhos febris em direção aos seus e disse soluçante:
- Você está chorando, me entende Maurício? Isso que você está fazendo agora...Você está chorando!
 Exclamativa e alegre, Sandra tomou Maurício nos braços, beijou-lhe a testa, como se beija  um recém-nascido e encarou alegremente o caminho tortuoso das lágrimas no queixo do rapaz. E foi quando Maurício, agora mole e entregue àqueles braços macios, viu como eram lindos os olhos estrelados de Sandra que decidiu dar um nome científico para aquilo: paixão.
  
   

PAF

QUERIA SABER
 

Eu queria saber, por que o sol morre quadrado
E a lua nasce redonda, sempre ao meu lado
Mas queria entender onde está algum sentido
Para que a escuridão seja um lugar florido.
Nunca pude acreditar, que a noite fosse mais clara que o sol
Por que a gema frita, a criança grita, e todos são iguais!
Na hora de dormir, não há sossego,
Pois não há paz que proteja deste incontrolável pesadelo.
Vivemos à espera de um amanhã, que quiçá valerá a pena
Numa tarde amena, que possamos nos diferenciar.
Nunca pude acreditar, que a noite fosse mais clara que o sol.
Por que a gema frita, a criança grita, e todos são iguais!
Chove, chove sem parar. Chovia lá fora, chovia lá dentro.
Chovia sem cessar... pois ainda tem muito que se trabalhar
Para sobreviver, fingindo que o mundo será justo,
Enquanto a população esquece que a liberdade tem um custo.
Nunca pude acreditar, que a noite fosse mais clara que o sol.
Por que a gema frita, a criança grita, e todos são normais!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

LHM

                                  Batalha de Sangue


Pode-se ouvir os gritos. Pode-se sentir o pânico, o medo pela vida. Você quer correr, mas suas pernas estão paralizadas em meio à confusão crescente no mundo. É impossível lembrar dos momentos felizes já passados na vida, apenas temer por uma segurança incerta.
A guerra leva o homem a esquecer que ele é humano assim como aquele contra quem batalha. Se perde na memória a essência, e sangue é derramado feito água -  a vida não tem mais importância quando o poder é o grande prêmio.
Essa ganância pelo poder, essa vontade louca do homem de dominar, o envolve em uma batalha de sangue sem limites, para a qual as consequências severas chegaram, mas tarde, derramando as lágrimas daqueles que não dão valor à vida do próximo.